foto: Ricardo Wolffenbuttel/Secom/SC
Quando o assunto é doação de órgãos, Santa Catarina se destaca como referência no Brasil. No primeiro semestre de 2023, o estado apresentou uma impressionante taxa de doação superior a 40 por milhão de população (pmp), conforme dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Esse número contrasta significativamente com a média nacional, que se encontra em 19 pmp.
Apesar dos números animadores em termos absolutos, a realidade apresenta desafios significativos. Cerca de 700 pessoas em Santa Catarina aguardam na fila por um rim, enquanto a negativa das famílias para a doação atingiu quase 31% em 2023. Isso significa que, a cada 10 famílias de possíveis doadores, três recusam o gesto de solidariedade que pode salvar vidas.
Numa entrevista concedida ao Jornal Máxima Notícias da Máxima FM, a coordenadora do Hospital São José em Joinville, Liliani Azevedo, destacou que o problema não reside no processo de captação de órgãos, mas sim em conflitos familiares. "As pessoas esquecem que aquela doação pode salvar vidas e até mesmo que outro familiar, ou até mesmo eles próprios, podem estar na fila aguardando por órgãos ou tecidos", explicou Azevedo.
Curiosamente, alguns casos revelam contradições familiares, como pessoas que apoiam a cremação do corpo, mas se opõem à ideia de doar órgãos ou tecidos. Há também aqueles que desejam doar apenas o coração, vendo nesse órgão a possibilidade de seu ente querido permanecer "batendo no peito" de outra pessoa.
Outro desafio enfrentado é a pressa de algumas famílias na liberação do corpo para realizar os funerais. O processo de retirada dos órgãos leva algumas horas, e muitas vezes a impaciência pode interferir na decisão de doar.
É fundamental destacar que todas as pessoas têm o potencial de doar órgãos e tecidos. Não é necessário deixar nada por escrito; basta comunicar o desejo à família, pois a doação só ocorre com autorização familiar.
O processo de doação de órgãos envolve a detecção do potencial doador, a manutenção clínica, a comunicação de morte aos familiares e, após consentimento, a realização dos procedimentos para a remoção dos órgãos. A Central de Transplantes do Estado é responsável por selecionar os receptores mais compatíveis e distribuir os órgãos para transplante, após a retirada.
Em meio a esses desafios, Santa Catarina destaca-se como um exemplo de solidariedade, lembrando a todos que, por trás de cada doação, existe a oportunidade de salvar vidas e proporcionar uma segunda chance a quem aguarda ansiosamente por um transplante.
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