Disrupção: Tudo com Raphael Rocha Lopes
“♫ Negro drama, entre o sucesso e a lama/ Dinheiro, problemas, invejas, luxo, fama/ Negro drama, cabelo crespo e a pele escura/ A ferida, a chaga, à procura da cura” (Negro drama; Racionais MC´s).
Duas coisas inacreditáveis que ainda existem, infelizmente: pessoas achando que a cor da pele faz alguém melhor ou pior e pessoas achando que racismo não existe, inclusive no Brasil.
Dia 20 desse mês foi o Dia da Consciência Negra. E há muito, ainda, para se conscientizar. São séculos de racismo, escravidão, violência, separação, exclusão. Isso não muda da noite para o dia – deveria, mas não muda – e o caminho parece longo.
Os irracionais
Na grande rede mundial, a tal da internet, volta e meia, senão todos os dias, aparecem corajosos covardes que se escondem atrás de uma tela e se sentem reis em cima de um teclado para tentar diminuir as pessoas que julgam que são inferiores. Coitados, não entendem nada sobre inferioridade e superioridade.
Comentários, postagens e memes racistas vomitados normalmente quando se sentem diminuídos pelo sucesso ou pela inteligência superior de pessoas que não são da sua cor fazem desses paspalhos o que realmente são: paspalhos.
A internet, porém, e apesar de seus inúmeros benefícios, fez com que muitos desses imbecis (para usar o termo do saudoso filósofo italiano Umberto Eco) se encontrassem, ainda que distantes, dando, muitas vezes, a impressão de serem em maior número do que realmente são.
O problema é que esses bobalhões acabam insuflando outros acéfalos e, justamente por parecerem mais do que realmente são, temos visto muitos atos racistas na vida real: do restaurante ao campo de futebol, passando por uma gama quase infinita de lugares.
Os algoritmos
Não bastassem os bestalhões de carne e osso ora escondidos atrás das telas, ora se achando o máximo (tal qual o rei nu) berrando desatinos nas ruas, na internet também há os algoritmos racistas (ou racismo algorítmico, como preferem alguns), deixando tudo ainda mais complicado.
Não que aquela montoeira de zeros e uns tenha resolvido colocar chapéu branco em forma de cone na cabeça e tumultuar o sistema de propósito e por conta própria, como uma inteligência artificial que tomou consciência (ou, no caso, inconsciência). Nada disso.
Algoritmos de programas de computador ou internet são produzidos por pessoas (por enquanto, pelo menos). E os vieses racistas, muitas vezes inconscientes em quem programa, acabam refletindo justamente nos aplicativos e plataformas (e isso demonstra o quanto ainda temos que trabalhar no quesito conscientização).
Há vários exemplos. Vou dar só um: digitem na Google, na aba imagens, “mulheres lindas”. Depois me mandem uma mensagem lá no meu Instagram dizendo o que apareceu para vocês.
Nesta linha, para entender um pouco melhor como tudo isso funciona, recomendo o documentário Coded Bias (tem na Netflix). É essencial nos ajudar a compreender o que e como está acontecendo para podermos discutir como mudar esse panorama.
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