Tome Nota com Enio Alexandre
Entrevista com Mateus Batista, do MBL, irritou bolsonaristas de Joinville
Na última década, um fenômeno político tem se destacado nas eleições Brasil afora, e esse cenário não poderia ser diferente em Joinville. Uma cidade onde as disputas eleitorais refletem a polarização que permeia todo o país. Com a proximidade das eleições para a Prefeitura e Câmara Municipal, os partidos se movimentam para se posicionar como alternativa ao governo Adriano Silva.
O ano de 2022, marcado pela eleição presidencial, foi revelador. Enquanto o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso nacionalmente, em Joinville foi Jair Bolsonaro (PL) quem obteve a maioria dos votos, conquistando expressivos 268.079 votos, correspondentes a 76,60% do total da cidade. Esses números sugerem um alinhamento com a direita na cidade mais populosa de Santa Catarina.
No entanto, recentemente, realizei duas entrevistas com representantes de correntes políticas distintas no programa "Máxima Notícias" da Máxima FM. Então pude observar nuances interessantes, por conta da repercussão entre os ouvintes e internautas. Um dos meus convidados, foi o jovem Mateus Batista, coordenador do MBL em Santa Catarina, de apenas 21 anos, que desponta como uma figura promissora na política. O MBL , como se sabe, tem muitas bandeiras em comum com os bolsonaristas. Surpreendentemente, entre os eleitores de Jair Bolsonaro locais, Batista enfrentou mais rejeição do que Vanessa da Rosa, potencial candidata do PT à prefeitura de Joinville, que foi minha convidada alguns dias antes. Esse fenômeno intrigante revela que, apesar da aparente hegemonia da direita na cidade, as fissuras internas e os movimentos de desalinhamento também estão presentes.
O rompimento do MBL com o governo Bolsonaro é um exemplo dessa dinâmica. Em uma cidade onde quase 80% dos eleitores votaram no ex-presidente, tal desvinculação certamente não é fácil de ser digerida. No entanto, sugere-se que a tese de que a esquerda possa ser mais organizada e coesa ganha algum respaldo. A política, como sabemos, é um jogo de estratégias, e, em ano eleitoral, as diferenças muitas vezes cedem lugar às alianças e movimentos táticos. Vejam Adriano Silva (NOVO), que aceitou alegremente o apoio do PSD nas próximas eleições, embora saiba que terá que lidar com as críticas pela associação com Darci de Matos (PSD), seu rival no último pleito municipal.
No entanto, até o momento, parece que a direita, a julgar por essa reação pontual entre os ouvintes da Rádio Máxima, não lida bem com os desertores. Esse episódio serve como um lembrete de que, mesmo em territórios políticos aparentemente sólidos, as fissuras e as mudanças podem surgir. Em Joinville, como em tantos outros lugares, a dança das polaridades continua a surpreender. Agora não se assuste se arestas forem aparadas e soluções forem encontradas para o que hoje parece impossível.
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