Disrupção: Tudo com Raphael Rocha Lopes
“♫ Vou de táxi, você sabe, tava morrendo de saudade/ Mas nem lembro do teu nome/ Não tem pressa, teu jeito de olhar pra mim/ Me arrepia, me leva, me faz viajar/ Pelo céu, pelo sol, pelo ar, a escola pode esperar/ Vou de taxi, mas só com você.?” (Vou de táxi; Angélica).
Carros autônomos já são realidade em alguns países, especialmente nos EUA e na China. Os tais automóveis inteligentes são aqueles que não dependem de motorista, locomovendo-se sozinho no trânsito, com ajuda de inteligência artificial. Há quem diga que 80% da frota mundial será autônoma até 2050.
Porém, há muita coisa envolvida nesse tipo de veículo além da tecnologia em si. Perguntas como “de quem é a responsabilidade em caso de acidente?” ou “como a máquina vai decidir qual dano evitar se tiver opções de escolha?” (como ter que escolher entre atropelar dois idosos ou uma criança, por exemplo) são apenas uma pequena amostra de questões práticas, jurídicas e éticas vinculadas. A propósito, recomendo muitíssimo o exercício elaborado pelo MIT sobre decisões de carros autônomos que qualquer pessoa pode fazer no vídeo abaixo. Não tem como não ficar pensativo (ou perturbado) durante e depois do exercício. Dica: prestem atenção aos sinais de trânsito.
Os motéis ambulantes
Nos últimos dias bombou mundo afora a notícia de táxis autônomos, em São Francisco (EUA), que se transformaram em uma espécie de motéis ambulantes. Ou seja, durante a viagem os usuários, aproveitando-se da inexistência de motorista, fazem o que vocês estão imaginando aí mesmo.
Pode-se tirar duas conclusões imediatas: (1) não há limites para a criatividade humana e (2) o segmento dos motéis terá que se reinventar para não acontecer o que aconteceu com os taxistas em muitas cidades, que foram patrolados pela Uber e similares.
Brincadeiras à parte, de fato, nem as empresas que operam o serviço tinham imaginado tal situação, tanto que não há impedimento (ou não havia até ontem) para tal, digamos, atividade. Isso confirma, também, outra teoria clássica do Direito: as normas sempre vêm depois dos fatos. E será eternamente assim. Quer dizer, talvez com a inteligência artificial legislando, tenhamos alguma mudança nesse paradigma nas próximas décadas.
Os pessimistas e os otimistas
Gosto de ler os comentários das notícias, embora muitas vezes fique assombrado com o baixíssimo nível gramatical, ortográfico, de respeito e de bom senso que se vê por lá. É um corte interessante, contudo, de a quantas anda nossa população e, infelizmente, as perspectivas não parecem boas.
Por outro lado, também há comentários bem interessantes, de pessoas que estão realmente dispostas a um bom debate e um diálogo consciente.
No caso do tema de hoje, vi muita gente preocupada, por exemplo, com a transformação dos carros autônomos de terceiros (táxis, Uber ou qualquer outra plataforma) em meios de transporte para drogas ou para prática de outros crimes. Tenho convicção que não é a tecnologia que incentiva os crimes e que, independentemente dela, eles continuarão ocorrendo enquanto não houver vontade política em conjunto com o verdadeiro uso da inteligência policial para combatê-los.
Prefiro ver o outro lado. Das vidas que serão poupadas pela drástica diminuição dos acidentes com o aumento dos veículos autônomos nas ruas, assim como da redução do número de pessoas com sequelas. Veremos muito menos infrações de trânsito e o aumento da qualidade de vida, pois o estresse no trânsito diminuirá com os barbeiros que cometem todo tipo de infração no trânsito aos poucos sendo substituídos por robôs (inteligência artificial) que obedecerão às leis sem pestanejar (eu queria dizer por robôs mais inteligentes que muito motoristas, mas poderia soar mal-educado).
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