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Foto do escritorDr. Raphael Lopes

O Futuro da Vida Após a Morte

Disrupção: com Raphael Rocha Lopes



“♫ É só pensar em você/ Que muda o dia/ Minha alegria dá pra ver/ Não dá pra esconder/ Nem quero pensar se é certo o querer” (Pensar em você, Chico César)


O leitor mais atento sabe que já tratei, nos meus textos, sobre o que a tecnologia está trazendo sobre longevidade e relações post-mortem. Desde situações mais prosaicas, como um QR code no túmulo para acesso ao perfil do falecido (veja aqui) ou o aumento de um milhão de seguidores em perfil de rede social após a morte (como o que aconteceu com Gugu Liberato – veja aqui), o que nos faz lembrar da herança digital, até aquelas que impactam e, de certa forma, assustam, como o reencontro virtual de uma mãe com sua filha de sete anos falecida (tendo ciência do quanto é impactante, veja o vídeo aqui).


Filmes e séries sobre tais questões também estão pululando. Tem um episódio bem interessante, na série Black Mirror, da mulher que perde o jovem marido quando está grávida, e passa a utilizar um serviço que permite “conversar” com seu amor, baseado em informações colhidas da internet, que evolui para um sósia sintético (Be right back, 1º ep. da 2ª temporada). Tem a série Carbono Alterado, que descreve um futuro distópico onde as pessoas podem perder o corpo, mas salvar a mente e transplantá-lo para outro corpo, ou capa, como eles chamam. E por aí vai...


Da ficção para a realidade


Por mais sinistro ou mórbido que possa parecer para alguns, já há serviços como o que descrevi acima, pelo qual o cliente pode conversar com entes queridos que já morreram. Com o melhoramento das tecnologias de inteligência artificial, a tendência das vozes ficarem idênticas às originais é indiscutível. Do mesmo modo acontecerá com a personalidade do parente-falecido-virtual, que se assemelhará cada vez mais ao do verdadeiro ex-vivo-na-vida-real.


Por outro lado, a longevidade cresce a cada ano, e a perspectiva de vida está aumentando rapidamente. Se hoje no Brasil é em torno de 77 anos (para quem nasceu em 2021) e de 73 na média mundial, as projeções mais otimistas dizem que após 2030, esses números aumentarão mais de um ano por ano. Isso significa dizer que em a média mundial será, genericamente falando, de pelo menos 74 em 2030, 75 em 2031, mais de 80 em 2036, e subindo...


As pessoas poderão viver séculos, mas não vão se tornar imortais – pelo menos por ora os Highlanders estão apenas nas telas. Apesar que tem gente se congelando para aguardar esse momento.


O certo


O certo é que, mais cedo ou mais tarde, a d. Morte vem fazer sua visitinha. Os orientais – pelo menos algumas culturas – têm mais consciência e serenidade de aceitá-la. Os ocidentais têm muito a aprender e a desapegar.


Talvez por isso estejam surgindo tantas tecnologias para minimizar essas preocupações ou mitigar a nostalgia.


Desde programas mais simples de conversas com inteligência artificial se passando pelo morto amado, até bonecos em perfeição para estarem fisicamente presentes na sala de estar ou no quarto, as pessoas vão se agarrando ao passado. Ou algo intermediário, como hologramas em cemitérios tecnológicos ou em casa, que se liga ou desliga conforme a saudade bate.


Se é saudável para a mente, o tempo dirá. Como tudo na vida, talvez sim para alguns, talvez não para outros. Às vezes, como na letra do Chico César, do início desse texto, é só pensar na pessoa. O importante é que as escolhas sejam conscientes e as vontades respeitadas. Tem muita coisa nova vindo por aí e o tempo de adaptação está cada vez mais curto.


O futuro chega todo dia.

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