Disrupção: tudo com Raphael Rocha Lopes
“♫ Do alto da arrogância qualquer homem/ Se imagina muito mais do que consegue ser/ É que vendo lá de cima, ilusão que lhe domina/ Diz que pode muito antes de querer” (Simples assim, Lenine)*
O volume é gigante! Muita informação, a todo tempo, em todos os lugares. Nos canais de televisão, nas ruas, nas emissoras de rádio e, principalmente, na internet, seja nos computadores, seja nos telefones celulares.
Às vezes, o cérebro chega a dar nó, de tanto que se tem para assimilar, e entender, e compreender, e aprender, e responder, e viver. Às vezes é necessário dar um freio, e já falei aqui, em outra oportunidade, sobre o minimalismo digital, que veio com a intenção de equilibrar um pouco essa montanha-russa de informações que nos assola.
Também já escrevi, nessa coluna, sobre a diferença entre informação e conhecimento, duas coisas complementares que, quem conseguir mais adequadamente transformar uma em outro, estará mais bem preparado para o dia a dia e para o futuro, numa espécie de evolução darwiniana digital...
Os pensadores
Nessa miríade de opções e transformações, com tantos neo-qualquer-coisa, vem à lembrança, neste contexto, o pensamento de Descarte, o filósofo iluminista: “Penso, logo existo”. Alguns preferem a tradução como “Penso, logo sou”. Como nos tem feito falta pensadores iluministas nestes tempos obscuros um bocado estranhos de hoje, especialmente nas cordilheiras políticas.
Pensar, e se entender, já é um grande passo para compreender muito do que se passa. Infelizmente, temos esbarrado, principalmente nas redes sociais, com pessoas que se acham pensadores e achincalham não só a língua portuguesa, mas também o mínimo da lógica.
E aí, nada distante dos pensamentos de René Descates, vem outro iluminado trazendo outra pérola da filosofia que deveria reger todos: Sócrates com o seu “Só sei que nada sei”.
Duas ressalvas. Quando digo que Descartes e Sócrates não são distantes, refiro-me a terem a mente aberta, pois há séculos de diferença entre um e outro. A segunda ressalva diz respeito à frase em si: não há provas de que Sócrates escreveu ou disse, mas a ele é atribuída pelos ensinamentos de Platão.
Humildes ou arrogantes?
Será que, com tanta informação, os homens, hoje, pensam o suficiente para se verem existindo como humanidade? Será que sabem que pouco sabem?
A humanidade hoje está mais para humilde, descobrindo-se tão grão de areia num deserto universal de informações ou mais para arrogante sobrepujando tudo por conta do que já conquistou, vendo-se deusa de um futuro previsível?
Há alguns anos ouvi, numa palestra, a seguinte frase: um homem com dúvidas, é um homem livre. Sinto-me livre, apesar de toda a informação na palma das mãos...
* Letra de Lenine & Carlos Falcão
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