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Foto do escritorEnio Alexandre

Cadê o futebol raiz?


JEC entrando em campo no Ernestão, em 9 de março de 1976. Atletas levavam bandeira do Brasil por iniciativa do clube.


A ideia não é utilizar esse espaço para falar de futebol, mas como tivemos neste fim de semana a final da Copa Libertadores no Uruguai e a decisão da Primeirona em Joinville, não passou despercebido uma coisa. Os protocolos inventados pela FIFA, imediatamente adotados pela UEFA na Europa e que lamentavelmente chegaram à América do Sul. Tanto a mais importante competição sul-americana como a nossa principal competição de futebol amador de Joinville exige a entrada das equipes perfiladas, execução dos hinos, no caso da final da Libertadores, um show com Anitta antes de a bola rolar, tudo muito europeu.

Estive na Arena na tarde de sábado para acompanhar Pirabeiraba e ACM/Estacaville, finalistas da Primeirona. Sim, as agremiações amadoras também entraram em campo juntas, como se estivessem prestes a recitar um poema.

Para o meu gosto, muita formalidade. Me desculpem os mais jovens, que conheceram o futebol através dos jogos de Xbox e Playstation ao som do hino da Champion´s League, mas por mim, na América do Sul deveríamos continuar como sempre fomos. Equipes entrando cada uma a seu tempo para esperar a explosão das torcidas. Lembro que a tática adotada pelos times visitantes era tentar entrar junto com o time da casa para a vaia não desestabilizar os atletas. Os árbitros? Coitados, a pressão quando entravam em campo era gigante. Era uma parte divertida do futebol que desapareceu. Outra coisa que está sumindo é a criatividade dos torcedores. Os ingressos no futebol profissional estão cada vez mais caros. O nosso esporte mais popular está sendo elitizado. Cadê os instrumentos nas arquibancadas? Aquilo que era uma coisa espontânea dos torcedores, hoje são negócios. Torcidas organizadas de clubes profissionais se converteram em empresas. O Hino Nacional é executado nos estádios e ninguém respeita. Se a ideia era implantar algum civismo, o tiro saiu pela culatra. Enquanto o Hino toca a torcida ignora. Onde está estilo brasileiro, sul-americano de fazer futebol?



Vasco da Gama entrando em campo correndo no Ernestão. Sem protocolos.

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