Em Copacabana o ex-presidente afirma que eleição sem ele é negar a democracia

foto: Instagram/Silas Malafaia
Neste domingo (16/3), o ex-presidente Jair Bolsonaro discursou para apoiadores durante um ato a favor da anistia, realizado na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Durante sua fala, Bolsonaro afirmou que uma eleição sem sua candidatura representaria a negação da democracia brasileira. Além disso, desafiou seus opositores a derrotá-lo nas urnas e declarou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) será isento em 2026.
A presidência do TSE funciona em regime de rodízio entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e a previsão é que, em 2026, a corte seja presidida por Kassio Nunes Marques, tendo André Mendonça como vice, ambos indicados por Bolsonaro para o STF. “Eleições sem Bolsonaro é negar a democracia no Brasil. Se eu sou tão ruim assim, me derrote. E uma esperança para nós: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no ano que vem será isento, diferente daquele que conduziu as eleições em 2022”, afirmou.
Apoio de Kassab ao PL da Anistia
Durante seu discurso, Bolsonaro também mencionou o presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirmando que um problema entre os dois foi resolvido e que Kassab apoiará a aprovação do Projeto de Lei (PL) da Anistia no Congresso Nacional. “Eu inclusive, há poucos dias, tinha um velho problema, e resolvi com o Kassab em São Paulo. Ele está ao nosso lado e com a sua bancada para aprovar a anistia em Brasília. Todos os partidos estão vindo”, declarou.
Críticas ao PT e ao governo Lula
Bolsonaro direcionou ataques ao Partido dos Trabalhadores (PT), afirmando que o Nordeste não é a região mais próspera do país devido à gestão petista. “Qual deveria ser, politicamente falando, a melhor região do Brasil, a mais próspera, com mais igualdade, oportunidade, amor? Tinha que ser, respeitosamente, o nosso Nordeste. E por que não é? Porque o PT está há 20 anos lá, roubando nordestino, sonegando educação para eles”, afirmou.
Ele também criticou o atual governo e insinuou que a narrativa de uma tentativa de golpe foi criada pela oposição. “O que eles querem aqui no Brasil é fazer igual na Venezuela. Quando a inelegibilidade está ameaçada para eles, inventam uma historinha de golpe. Que golpe foi esse que eu tenho que provar que não dei? Tem que ser ao contrário, eles têm que provar que eu tentei”, declarou.
Em sua fala, Bolsonaro também comparou ministros do governo Lula a nomes de sua gestão, criticando figuras como Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, e Fernando Haddad, ministro da Fazenda. “Dá para comparar na infraestrutura o atual ministro do PT com o Tarcísio de Freitas? Dá para comparar o atual da Agricultura, que está fazendo o preço explodir pelo Brasil, com a Tereza Cristina? Na economia, dá para comparar o Haddad com o Paulo Guedes? Dá para comparar a Janja com a Michele?”, ironizou.
Críticas a Alexandre de Moraes
Apesar das críticas ao governo, o principal alvo de Bolsonaro durante o ato foi o ministro do STF Alexandre de Moraes. O ex-presidente fez várias acusações, mencionando investigações contra ele e questionando a democracia brasileira. “Todos os inquéritos do Alexandre de Moraes são secretos, ninguém pode saber o que está ali. Ele começou a investigar o presidente da República em julho de 2021, a PF não pode investigar presidente e não tinha um fato definido. É um inquérito secreto, originado de um outro do fim do mundo. Nos acompanhava 24 horas por dia”, acusou.
Bolsonaro também questionou a definição de democracia no país, afirmando que o Brasil vive sob ameaça de censura e perseguição política. “Esses que fizeram esse trabalho dizem: salvamos a democracia. Essa democracia que está vivendo com a prisão de inocentes, com a tortura de depoentes, com ameaça de censurar as mídias sociais? Sem liberdade de expressão não tem democracia”, declarou.
Caso Clesão
O ex-presidente também mencionou o caso de Clesão, um detento que faleceu na Papuda enquanto cumpria pena pelo 8 de janeiro. Durante o discurso, Bolsonaro abraçou a viúva do preso e acusou Alexandre de Moraes de ser responsável por sua morte. “Tendo em vista a decisão de alguém que devia usar sua caneta para fazer justiça e que por três vezes negou a liberdade dos castigos para ser tratado dignamente, o Clesão acabou falecendo dentro do presídio em Brasília. É inadmissível isso”, afirmou.
O ato em Copacabana reuniu milhares de apoiadores e reforçou o discurso de Bolsonaro contra o atual governo e as instituições, em um momento em que as investigações contra ele e seus aliados seguem em curso.

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