Tome Nota com Enio Alexandre
O deputado Sargento Lima (PL) apresentou projeto de lei, na Assembleia Legislativa, para proibir a utilização da “linguagem neutra” e “linguagem não binária” nos canais de comunicação oficial dos órgãos públicos do Estado. A proposta abrange o Governo, Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Justiça, escolas e instituições que compõem o sistema de ensino, como universidade, autarquias, fundações e empresas públicas e de economia mista.
Se a matéria for aprovada, os canais de comunicação desses órgãos não poderão usar expressões como “elu”, “todxs”, “amigue”, que fazem parte da linguagem de gênero neutro ou não-binária, em substituição a “ele”, “todos” e “amigo”.
O que é?
A partir do ativismo em favor de uma linguagem não sexista, foram apresentadas propostas de reforma que incluem fórmulas de neutralidade de gênero no idioma português. O gênero gramatical no português é quase sempre bem claro na classificação dos substantivos como masculino (muitas vezes terminando em o) e feminino (muitas vezes terminando em a). Isso ocorre também no espanhol e em outras línguas românicas.
Motivo
Os defensores da reforma da neutralidade de gênero consideram isso sexista e excludente de pessoas que não se conformam com o binário de gênero. Eles também destacam o sexismo implícito de palavras cuja forma feminina tem um significado diferente, muitas vezes menos prestigioso. ( não há nada de menos prestigioso no gênero feminino). Alguns argumentam que o português neutro em termos de gênero pode reduzir os estereótipos de gênero e a discriminação no local de trabalho.
Prioridades
Pessoalmente, creio que antes de pensar em introduzir este tipo de mudança no português, temos que focar nossos esforços para a melhorar a educação. Num país onde interpretar um texto é habilidade de uma minoria - para não falar no analfabetismo, ainda muito presente no Brasil - é muito luxo dedicar tanto esforço e dinheiro por um capricho. Sim, considerando a conjuntura educacional do país, me parece que essa iniciativa, antes de ser uma maneira de acabar com eventuais preconceitos de gêneros, tem a pretensão de agradar uma parte pequena de intelectuais que acredita nessa reforma apenas por convicção.
Ortografia
Na placa abaixo a prefeitura do Rio de Janeiro pretendia informar a "extensão" do túnel, mas alguém não se preocupou em checar como se escreve a palavra corretamente. Erros ortográficos como este são bem comuns. Será que não é o momento de focar na educação e deixar uma reforma tão complexa como a linguagem neutra para um outro momento?
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