Disrupção: Tudo com Raphael Rocha Lopes
foto: reprodução Warner/Bros
“♫ Sou a Barbie Girl/ Se você quer ser meu namorado/ Fica ligado/ Presta atenção na minha condição/ É diferente, sou muito exigente” (Sou a Barbie Girl, Kelly Key).
A Barbie, a boneca, nasceu com a intenção, num mundo ainda mais machista que o atual, de mostrar que as garotas e mulheres poderiam ser independentes e felizes. Isso lá em 1959. Com o tempo virou estereótipo de mulheres bobinhas ou que se preocupam mais com a aparência do que com o conteúdo. É amada e odiada.
Com o tempo, depois de várias polêmicas e erros, a Barbie – leia-se Mattel – entendeu a mudança da sociedade e trouxe para as prateleiras novas versões: com diversos tipos de cabelo e cores de pele, com vitiligo, com restrições físicas, curvilíneas. Há Barbies de diversas profissões, vencedoras do Nobel e do Pulitzer e até uma astronauta (a original é de 1965). Também apoiou diversas campanhas sociais. E agora o filme da Barbie está fazendo bastante barulho.
Novos tempos?
O filme tem causado certo constrangimento a pais desatentos que não se informaram sobre o enredo. O filme também trouxe uma avalanche de cor-de-rosa no mundo quase inteiro. A Mattel e os produtores do filme tiveram uma sacada fantástica ao fazer parcerias com aproximadamente 100 marcas antes do lançamento, o que ajudou na inundação de Barbies e coisas rosas de todos os tipos. O filme trouxe uma outra perspectiva da Barbie, das mulheres e das relações (quando se coloca a Barbie na conversa), pelo que andei lendo e ouvindo. Ainda não assisti, mas estou curioso.
A humanidade não vai ficar melhor ou pior por causa de um filme; ainda mais um filme inspirado em um brinquedo. Aos radicais de plantão que, porventura, acreditam que as crianças vão ser manipuladas ou famílias deterioradas, dois avisos: o filme não é para crianças e tem coisas muito piores por aí. E no mais, as mulheres deveriam dominar o mundo. São muito melhores do que os homens!
Mas não vim aqui falar da boneca e do filme em si.
Inovação e marketing
O sucesso do filme, inegavelmente, vem atrelado à história da boneca, à nostalgia, especialmente das mulheres, e à força que a marca Barbie tem. Aliado a isso, um marketing forte associado com inteligência artificial, entre outros mecanismos.
Alguns poucos exemplos. Se você digitar Barbie no Google, muita coisa ficará rosa na sua tela. Pode tentar e depois confirme aqui se deu certo. Plataforma de inteligência artificial para imagens foi utilizada e vários pontos turísticos ganharam uma versão a la Barbie, assim como criaram versões virtuais de como seria a casa da Barbie em vários países diferentes.
Paradoxalmente, o filme em si não utilizou computação gráfica para suas cenas, valendo-se de técnicas cinematográficas mais antigas. Algumas quase toscas se compararmos com o que há de mais moderno nos estúdios atualmente.
O fato é que tem muita gente de olho nas estratégias de marketing e de utilização de inteligência artificial no marketing do fenômeno Barbie. No final das contas, todos podemos aprender até com uma jovem senhora boneca de 64 anos...
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